Carros novos são caros, mas os dados mais recentes indicam que seus preços não devem diminuir tão cedo. De acordo com informações da Cox Automotive e da Kelley Blue Book, o preço médio de transação de um carro novo atingiu US$ 48.907 em junho de 2025, um aumento de 1,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Embora pareça contraintuitivo que os consumidores continuem a pagar preços cada vez mais altos, vários fatores estão contribuindo para essa persistente tendência de alta.
Um dos principais impulsionadores é o custo crescente da produção. A escassez de semicondutores, que afetou a indústria automobilística nos últimos anos, embora tenha melhorado, ainda deixa um legado de estoques apertados e interrupções na cadeia de suprimentos. Além disso, os preços das matérias-primas essenciais, como aço, alumínio e lítio (crucial para baterias de veículos elétricos), continuam elevados. Os custos de mão de obra também subiram, refletindo a inflação geral da economia e a necessidade de trabalhadores especializados para tecnologias mais avançadas.
A preferência dos consumidores também desempenha um papel significativo. Há uma clara mudança na demanda por veículos maiores e mais equipados, como SUVs e picapes, que naturalmente têm um preço de base mais alto. A incorporação de tecnologia avançada – desde sistemas de infotainment de ponta até assistentes de direção autônoma (ADAS) – adiciona milhares de dólares ao custo final. Os fabricantes estão focando em modelos com margens de lucro mais elevadas, muitas vezes à custa de opções mais acessíveis.
As políticas comerciais, particularmente as tarifas, são outro fator que agrava a situação. Estudo recente aponta que as tarifas de importação sobre componentes automotivos e veículos acabados, especialmente de mercados-chave como a China, estão sendo repassadas diretamente aos consumidores. Essas taxas adicionais encarecem a produção e a importação, tornando os carros novos ainda mais inacessíveis para o comprador médio. A guerra comercial e as tensões geopolíticas aumentam a incerteza e, consequentemente, os custos.
Para lidar com esses preços crescentes, muitos compradores estão recorrendo a financiamentos de longo prazo. Empréstimos de 72 ou até 84 meses se tornaram a norma, o que dilui as parcelas mensais, mas aumenta significativamente o valor total pago em juros. Com as taxas de juros elevadas, o custo total de propriedade do veículo dispara, prendendo os consumidores em ciclos de dívida prolongados e dificultando a construção de capital próprio no veículo.
A transição para veículos elétricos (VEs), embora essencial para o futuro da mobilidade, também representa um custo substancial. Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, além da construção de infraestruturas de carregamento e novas linhas de montagem, são imensos e, em parte, refletidos nos preços de varejo dos VEs, que ainda são, em média, mais caros do que seus equivalentes a combustão.
A combinação desses fatores – escassez de suprimentos, custos de produção, preferências do consumidor, tarifas comerciais e estratégias de financiamento – sugere que os preços dos carros novos continuarão em alta. Essa realidade impõe um desafio crescente para os orçamentos familiares, transformando a compra de um carro novo em um luxo cada vez mais distante para muitos.