A alta velocidade no trânsito é um catalisador conhecido de acidentes, mas seus perigos vão além do tempo de reação. Uma das consequências mais traiçoeiras é a “visão de túnel”, onde o campo de visão do condutor se estreita drasticamente, comprometendo sua percepção de riscos. A Senatran ilustra como a visão é afetada em velocidades elevadas, aumentando exponencialmente o risco de sinistros.
Quando um veículo acelera, o cérebro humano instintivamente prioriza o foco no ponto central para onde o carro se dirige. Essa intensa focalização suprime gradualmente a visão periférica, criando a sensação de olhar por um tubo. O condutor perde a clareza e a percepção de tudo nas laterais da via, fazendo com que objetos, pessoas e outros veículos que seriam visíveis em velocidades moderadas simplesmente desapareçam do campo de consciência.
Os impactos dessa alteração visual são alarmantes. Enquanto a 40 km/h um motorista pode abranger cerca de 100 graus de campo de visão, a 100 km/h essa amplitude pode diminuir para meros 40 graus. Em velocidades como 130 km/h, pode cair para 30 graus ou menos. Isso significa que um condutor em alta velocidade pode não ver um pedestre atravessando, uma bicicleta, um veículo saindo de uma rua lateral ou uma placa de sinalização crucial.
As consequências para a segurança são severas: dificuldade em identificar perigos laterais, reações tardias ou ausência de reação a eventos inesperados, e avaliação imprecisa de distâncias e velocidades. Situações que exigiriam percepção abrangente – como uma manobra de emergência ou a aproximação de um cruzamento – tornam-se desafios intransponíveis. O risco de um sinistro aumenta drasticamente porque o motorista está, efetivamente, semi-cego para grande parte do ambiente.
A Senatran enfatiza que dirigir com segurança não é apenas ter bom carro ou reflexos rápidos, mas sim uma capacidade perceptiva completa e ininterrupta do ambiente. A alta velocidade, ao induzir a visão de túnel, rouba essa capacidade vital. É um alerta para que os condutores compreendam que a imprudência ao acelerar não só coloca suas vidas em risco, mas também as de todos os demais usuários da estrada.
Para mitigar esse perigo invisível, a principal estratégia é respeitar rigorosamente os limites de velocidade. Manter uma distância de segurança adequada proporciona mais tempo para reagir e amplia o campo de visão. Evitar distrações, como o uso de celular, é crucial, pois elas já reduzem a atenção e podem agravar os efeitos da visão de túnel. Fazer pausas regulares em viagens longas combate a fadiga, que intensifica o estreitamento do campo visual.
Em suma, a visão de túnel é um inimigo silencioso e traiçoeiro da segurança no trânsito. Ela transforma a estrada em um corredor perigoso, onde o motorista perde a noção do que acontece ao redor. A conscientização, promovida por órgãos como a Senatran, é vital. Dirigir com moderação, atenção plena e respeitando os limites de velocidade não é apenas cumprir a lei, mas garantir uma percepção completa e responsável, protegendo a si mesmo e a vida de todos no trânsito.