O Salão do Automóvel de São Paulo, um dos eventos mais tradicionais e aguardados do calendário automotivo brasileiro, está confirmado para retornar em 2025, após um hiato de vários anos que deixou entusiastas e profissionais do setor com saudades. No entanto, a euforia pelo seu retorno vem acompanhada de uma notícia que redefine significativamente as expectativas para a próxima edição: a ausência confirmada de algumas das maiores e mais influentes montadoras globais e presentes no mercado nacional.
Marcas como General Motors, Ford, Volkswagen, e o prestigiado grupo de fabricantes alemãs – Mercedes-Benz, BMW e Audi – não estarão presentes com seus tradicionais e imponentes estandes. Esta é uma mudança drástica em relação às edições anteriores, onde essas empresas eram pilares do evento, exibindo seus lançamentos mais recentes, tecnologias inovadoras e carros-conceito que ditavam tendências. Sua não participação levanta questões importantes sobre o futuro dos salões automotivos e as estratégias de marketing da indústria.
Diversos fatores contribuem para essa decisão das grandes montadoras. Em primeiro lugar, o custo exorbitante de participar de um evento dessa magnitude é frequentemente citado. Construir estandes elaborados, transportar veículos, contratar pessoal e investir em campanhas de marketing associadas representa um investimento multimilionário. Em um cenário global de otimização de custos e busca por maior eficiência, muitas empresas questionam o retorno sobre esse investimento.
Além disso, o cenário da comunicação e do marketing automotivo mudou drasticamente. Com a ascensão das mídias digitais e a capacidade de alcançar consumidores de forma mais direcionada e personalizada, as marcas têm optado por estratégias que incluem eventos de lançamento menores e mais exclusivos, experiências de test-drive diretamente com o público, showrooms digitais e campanhas online robustas. Essas abordagens muitas vezes oferecem um engajamento mais profundo e mensurável do que um grande salão, que atrai um público diversificado, mas nem sempre focado na compra imediata.
Outro ponto é a velocidade da inovação e o ciclo de vida dos produtos. No passado, os salões eram o palco principal para grandes revelações. Hoje, com a constante introdução de novos modelos, eletrificação e tecnologias autônomas, as montadoras preferem ditar seu próprio ritmo de lançamento, muitas vezes desvinculado dos prazos de um evento fixo. A ausência de um “grande lançamento” programado para a data do salão pode ser um fator decisivo para a não participação.
Apesar das ausências notáveis, o Salão do Automóvel de São Paulo 2025 não estará vazio. Sua reedição será uma oportunidade para que outras marcas ganhem destaque. Montadoras chinesas, que têm expandido agressivamente sua presença no mercado brasileiro, como BYD e GWM, podem ver no evento uma plataforma crucial para consolidar sua imagem e apresentar seus portfólios elétricos e híbridos. Startups de veículos elétricos e empresas focadas em soluções de mobilidade urbana também podem encontrar um espaço valioso para interagir com o público.
Para os organizadores, o desafio é redefinir a proposta de valor do Salão. Em vez de um desfile de lançamentos das “big players”, o evento pode se transformar em um hub de inovação, sustentabilidade e mobilidade do futuro. Será uma edição de transição, um termômetro para a adaptabilidade da indústria automotiva e dos eventos que a celebram no Brasil. O Salão de 2025 promete um retorno, mas com uma roupagem totalmente nova, refletindo as profundas transformações pelas quais o setor está passando.