O modelo de negócio da Ferrari é intrinsecamente construído sobre o pilar da exclusividade. Em 2024, a icónica marca italiana entregou apenas 13.752 veículos. Este número, embora possa parecer modesto para uma gigante da indústria automóvel, representa um aumento substancial em relação às 9.119 unidades expedidas em 2020. Estes totais anuais abrangem uma gama diversificada de modelos, desde os veículos de produção regular, como o revolucionário Purosangue, o primeiro SUV da marca, e o potente 296 GTB, um híbrido plug-in que combina performance e eficiência, até às edições especiais de produção limitada. Estas últimas, muitas vezes, esgotam-se antes mesmo de serem oficialmente apresentadas ao público em geral, ou mesmo antes de a maioria dos potenciais compradores ter sequer conhecimento da sua existência.
A Ferrari não persegue volumes de vendas massivos; pelo contrário, a sua estratégia deliberada reside em manter a oferta sempre ligeiramente abaixo da procura, garantindo que cada veículo permaneça um objeto de desejo e um símbolo de status inigualável. Essa abordagem não só protege o valor residual dos seus automóveis, como também solidifica a aura de exclusividade que envolve a marca.
Os clientes que desejam adquirir um Ferrari, especialmente os modelos mais cobiçados ou as edições limitadas, frequentemente enfrentam longas listas de espera. Para as versões mais exclusivas, a seleção de quem pode comprar é meticulosamente realizada pela própria Ferrari, priorizando colecionadores de longa data e clientes leais que já possuem vários veículos da marca. Não se trata apenas de ter o capital financeiro, mas de fazer parte de um círculo seleto.
Essa política de produção controlada contrasta fortemente com a maioria dos fabricantes de automóveis, que buscam maximizar a produção para atender à demanda global. A Ferrari, em vez disso, aposta na raridade como um componente chave da sua proposta de valor. Isso garante que cada Purosangue, cada 296 GTB, cada Monza SP1/SP2 ou FXX-K permaneça uma peça de engenharia e arte altamente valorizada.
O aumento de quase 50% nas entregas entre 2020 e 2024, de 9.119 para 13.752 unidades, reflete uma demanda crescente e a capacidade da Ferrari de expandir ligeiramente a sua produção sem comprometer a sua filosofia central. Mesmo com este crescimento, a Ferrari opera numa escala que a diferencia radicalmente de outras marcas de luxo que produzem centenas de milhares de veículos anualmente. A Ferrari não vende carros; vende sonhos, desempenho e um estilo de vida que poucos podem alcançar.
Para além da produção controlada, a meticulosidade na construção, a atenção aos detalhes, a personalização quase ilimitada através do programa ‘Tailor Made’, e a performance inigualável dos seus motores V6, V8 e V12, tudo contribui para a experiência única de possuir um Ferrari. Cada carro é mais do que um meio de transporte; é um investimento, uma declaração e uma obra-prima automotiva. Esta exclusividade não é um acaso, mas sim o cerne de uma estratégia empresarial que tem sido incrivelmente bem-sucedida em manter a Ferrari no auge do prestígio automotivo mundial por décadas. Em suma, o negócio da Ferrari é, e sempre será, sinónimo de raridade e desejo inatingível para a maioria.