Um veículo aquático inusitado, que se assemelha a um “carro de luxo” e alcança velocidades de até 80 km/h, tornou-se o centro das atenções e viralizou nas redes sociais após ser avistado por banhistas na praia da Ribeira, em Salvador, no sábado (19). No entanto, apesar de sua capacidade de navegação e do burburinho que gerou, a embarcação não possui a devida autorização para oferecer passeios turísticos ou transporte remunerado de passageiros. Essa informação foi prontamente confirmada pela Capitania dos Portos.
De acordo com a instituição, o “carro aquático”, embora esteja legalmente inscrito na Capitania dos Portos de Alagoas para navegação, está classificado exclusivamente para atividades de esporte e recreio. O proprietário, Davi Mattedi, empresário do ramo de aluguel de veículos aquáticos, tinha como objetivo inicial disponibilizar o “carro” para passeios comerciais. Chegou-se a divulgar nas redes sociais que o custo seria de R$ 150 por pessoa para uma viagem de 15 minutos, com a condição de que um funcionário da empresa dirigisse o veículo. Contudo, essa modalidade de uso está suspensa até que a situação junto à autoridade marítima seja devidamente regularizada.
As imagens do vistoso veículo amarelo deslizando pelas águas da Baía de Todos-os-Santos rapidamente se espalharam, instigando a curiosidade dos baianos sobre a natureza exata da embarcação. A Capitania dos Portos esclareceu que o equipamento, popularmente conhecido como “carro aquático”, é tecnicamente uma embarcação do tipo “jet boat”. Esta classificação designa lanchas impulsionadas por um jato d’água ejetado pela parte traseira, uma característica que difere da propulsão por hélice convencional.
A Capitania enfatizou que a adaptação visual para se assemelhar a um carro não altera as características intrínsecas de navegabilidade e propulsão previstas para um “jet boat”. Para que o empresário Davi Mattedi possa utilizar o veículo para transporte remunerado de passageiros ou em passeios turísticos, ele precisará formalizar um pedido de reclassificação da embarcação junto à instituição. A embarcação, como qualquer outra, está sujeita ao cumprimento rigoroso de todas as exigências das normas da autoridade marítima e às fiscalizações rotineiras do tráfego aquaviário, conduzidas pela Capitania dos Portos da Bahia.
Curiosamente, o “carro aquático” já havia sido abordado por inspetores navais durante uma ação de fiscalização prévia. Naquela ocasião, nenhuma irregularidade foi identificada quanto à documentação da embarcação, à habilitação do condutor ou às suas condições de navegabilidade, o que reforça sua adequação para uso recreativo.
O empresário Davi Mattedi revelou que o veículo é uma fusão engenhosa: possui a motorização de uma moto aquática (jet ski) acoplada a uma estrutura de fibra de vidro com formato de automóvel. “É uma embarcação com motorização de jet. Ele tem o formato de um carro, tamanho de um carro, é feito em fibra, mas a motorização em si é de uma moto aquática”, detalhou Mattedi.
O projeto do “carro aquático” nasceu de uma aquisição conjunta entre Davi e seu amigo Paulo Lisboa, também empresário, na cidade de Fortaleza, Ceará. Após sua chegada à Bahia, a embarcação passou por um período de três meses de reforma, onde sua estrutura e motorização foram aprimoradas. Sua estreia nas águas da capital baiana ocorreu justamente no último fim de semana que a fez viralizar.
Detalhes técnicos e curiosidades sobre o veículo:
* Motor potente de aproximadamente 280 hp (horsepower).
* Capaz de atingir impressionantes 80 km/h na água.
* Capacidade interna para quatro pessoas, embora apenas três passageiros sejam transportados por vez nos passeios (planejados).
* Combina a estética e o espaço de um carro com a performance e a propulsão de um jet ski.
A situação do “carro de luxo” aquático em Salvador sublinha a importância da regulamentação no setor náutico, garantindo a segurança dos usuários e a conformidade com as leis vigentes, mesmo diante da inovação e do apelo viral.