Carro Elétrico
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Crescimento do mercado automotivo desacelera em 2025, diz Anfavea

O setor automotivo brasileiro enfrenta uma revisão para baixo em suas projeções de crescimento, com a estimativa inicial de 6,3% para o próximo período sendo ajustada para um mais conservador 5%. Esta atualização, divulgada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), soa como um alerta no mercado, especialmente considerando os esforços recentes para impulsionar as vendas, como a campanha do “Carro Sustentável”.

A iniciativa do “Carro Sustentável” foi lançada com o objetivo de estimular a aquisição de veículos mais eficientes e ecologicamente corretos, oferecendo incentivos e condições especiais. A ideia era não apenas reaquecer o mercado, mas também acelerar a modernização da frota nacional, alinhando-se a tendências globais de sustentabilidade e inovação tecnológica. Embora a campanha tenha gerado interesse e impulsionado algumas vendas no curto prazo, seu impacto não foi suficiente para blindar o setor dos desafios econômicos subjacentes, mostrando que nem mesmo um apelo à sustentabilidade pode superar certas barreiras.

A redução de 1,3 ponto percentual na previsão de crescimento pode parecer marginal, mas suas implicações para uma indústria tão vasta e complexa são significativas. Essa desaceleração implica que menos veículos serão fabricados, menos componentes serão demandados e, consequentemente, o potencial de geração e manutenção de empregos em toda a cadeia produtiva – que vai das montadoras aos concessionários e distribuidores de peças – será menor. É um indicativo de que a recuperação econômica pós-pandemia ainda enfrenta ventos contrários consideráveis, tornando o caminho para uma expansão robusta mais sinuoso do que o inicialmente previsto.

O principal fator apontado como culpado por essa revisão pessimista é a persistência da taxa Selic em patamares elevados. A Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira, influencia diretamente o custo do crédito no país. Quando ela está alta, o acesso a financiamentos e empréstimos se torna mais caro, impactando tanto a capacidade de compra do consumidor quanto as decisões de investimento das empresas.

Para o consumidor, a Selic alta se traduz em parcelas mais elevadas no financiamento de um veículo. O custo total do carro aumenta substancialmente, desestimulando novas aquisições ou forçando a escolha por modelos mais básicos ou seminovos. Em um cenário de inflação que já aperta o orçamento familiar, a perspectiva de juros altos torna a compra de um bem durável como um automóvel uma decisão ainda mais difícil, levando muitas famílias a adiar ou abandonar seus planos.

Para as montadoras e toda a cadeia de suprimentos, a Selic elevada encarece o capital. Empréstimos necessários para investir em novas linhas de produção, em tecnologias mais avançadas (como as propostas pela campanha do Carro Sustentável) ou simplesmente para manter o capital de giro tornam-se menos viáveis. Isso pode resultar em cortes na produção, adiamento de investimentos e, em casos mais extremos, em demissões, à medida que as empresas ajustam suas operações para conter custos e se adequar ao cenário econômico desafiador.

Em resumo, apesar da bem-intencionada campanha do Carro Sustentável, o setor automotivo se depara com uma realidade econômica mais dura do que o esperado. A política monetária de juros altos, embora essencial para conter a inflação, impõe um freio significativo no consumo e no investimento. O mercado automotivo brasileiro precisará de resiliência e estratégias adaptativas para navegar em 2025, buscando formas de mitigar os efeitos de um cenário de crescimento mais contido e custos financeiros mais elevados.