O novo Honda Prelude tem gerado um burburinho considerável desde o seu anúncio, prometendo um retorno nostálgico e inovador. Contudo, uma das suas primeiras aparições em testes reais levantou preocupações entre entusiastas de performance. No Japão, um proprietário realizou um teste de aceleração de 0 a 100 km/h (0-62 mph) e registou aproximadamente 9.2 segundos. Este número, para muitos, foi uma desilusão notável.
Considerando que o Prelude moderno é construído em torno de uma motorização híbrida avançada – que se esperaria combinar eficiência com entrega de potência imediata e desempenho vigoroso – este tempo estava muito aquém das expectativas. A premissa de um coupé desportivo, mesmo focado na sustentabilidade, geralmente sugere uma capacidade de sprint mais impressionante. A deceção foi palpável: como poderia um carro com o pedigree do Prelude, e com a engenharia híbrida da Honda, ser tão “lento”?
A resposta, como se revelou, não residia numa falha intrínseca do motor ou da eletrónica, mas sim numa funcionalidade específica desenvolvida e implementada pela Honda. Descobriu-se que o carro vinha de fábrica com um controlo de estabilidade (Vehicle Stability Assist – VSA) e/ou controlo de tração que, em certos modos, limitava agressivamente a entrega de potência durante arranques fortes. Este sistema, embora benéfico para a segurança e otimização do consumo em condução normal, atuava como um “travão” para o desempenho máximo do veículo em acelerações a fundo.
Um proprietário mais audacioso decidiu desativar manualmente estas ajudas eletrónicas antes de um novo teste de 0 a 100 km/h. O resultado foi surpreendente e restaurou a fé de muitos no potencial do novo Prelude. Com os sistemas de controlo desativados, o carro transformou-se. Os tempos de aceleração caíram drasticamente, com registos a rondar os 6.x segundos, um valor muito mais condizente com as expectativas de um coupé desportivo híbrido moderno. Há relatos que sugerem que pode aproximar-se dos 6 segundos exatos, colocando-o num patamar competitivo.
Esta descoberta levanta questões interessantes sobre a filosofia de design da Honda. Por que motivo a marca optaria por calibrar o carro de forma a que o seu desempenho máximo estivesse “escondido” por trás de uma funcionalidade que necessita ser desativada? Uma hipótese é que a Honda priorizou a segurança e a eficiência em condições quotidianas, garantindo que o Prelude fosse acessível e previsível para um público mais vasto. Poderia também ser uma forma de otimizar os números de consumo de combustível e emissões para certificações regulamentares.
Para os puristas, esta situação é agridoce. É um alívio saber que o Prelude tem o desempenho esperado. No entanto, a necessidade de desativar uma funcionalidade de segurança para aceder a esse desempenho pode ser vista como um pequeno inconveniente ou um passo extra. Para sentir todo o “punch” do motor híbrido, o condutor precisa tomar uma decisão consciente de desligar as ajudas eletrónicas.
A implicação é clara: o Honda Prelude é, de facto, um carro rápido e capaz, mas apenas quando lhe é permitido soltar todo o seu potencial. Este episódio serve como um lembrete de que as especificações de desempenho publicadas ou os testes iniciais podem nem sempre contar a história completa, especialmente na era dos carros repletos de eletrónica. Para o novo Prelude, a verdadeira emoção parece estar reservada para aqueles que exploram os seus menus e desativam certas funcionalidades, revelando um lobo em pele de cordeiro eletronicamente controlado. Este detalhe pode até abrir portas para a comunidade de tuning.