Em uma iniciativa pioneira rumo à mobilidade sustentável no Brasil, a Honda lançou um projeto-piloto em Brasília. O foco é avaliar o Honda CR-V e:FCEV, um SUV híbrido inédito, testando a viabilidade do hidrogênio como alternativa energética para frotas comerciais, em contraponto às baterias tradicionais. Este teste estratégico visa compreender a inserção do hidrogênio nas necessidades logísticas e operacionais de empresas brasileiras, contribuindo significativamente para a descarbonização do setor de transporte.
O CR-V e:FCEV é um Veículo Elétrico de Célula de Combustível Híbrido Plug-in (PHEV-FCEV), representando um avanço tecnológico notável. Ele combina duas fontes de energia limpa: um sistema de célula de combustível a hidrogênio, que gera eletricidade emitindo apenas água, e uma bateria plug-in recarregável. Essa dualidade permite ao veículo operar com zero emissões, seja utilizando hidrogênio ou eletricidade da rede, adaptando-se a diversos cenários de uso e infraestrutura disponível.
A autonomia é um de seus diferenciais. Em modo hidrogênio, o SUV pode percorrer cerca de 435 quilômetros. A bateria plug-in adiciona aproximadamente 47 quilômetros de autonomia puramente elétrica, ideal para percursos urbanos curtos. A capacidade de reabastecer o hidrogênio em poucos minutos, similar a um veículo a combustão, é uma vantagem crucial para frotas que exigem alta disponibilidade e longas jornadas, superando o desafio do tempo de recarga dos elétricos puros.
Brasília foi escolhida por sua infraestrutura planejada e demanda crescente por soluções de transporte limpas, oferecendo um ambiente ideal para testar a adaptabilidade e eficiência do hidrogênio em condições reais. O projeto validará não apenas o desempenho do veículo, mas também a construção de infraestrutura de abastecimento e a aceitação por operadores de frotas.
Este esforço é uma colaboração estratégica entre Honda South America e Honda Power Products, com o apoio da Marcopolo, fabricante de ônibus, e do Grupo Combustran, especialista em abastecimento. A participação da Marcopolo indica o interesse em expandir o hidrogênio para o transporte público e de carga, enquanto o Grupo Combustran é fundamental para desenvolver a estação de abastecimento de hidrogênio, crucial para o sucesso do projeto.
A implementação bem-sucedida do hidrogênio em frotas comerciais pode transformar o panorama energético do Brasil. Além da redução de emissões, a tecnologia de célula de combustível oferece maior autonomia e rapidez de reabastecimento comparada aos veículos elétricos a bateria, tornando-a atraente para veículos de grande porte e frotas de uso intensivo. O projeto em Brasília é mais do que um teste veicular; é um passo essencial para adquirir conhecimento, desenvolver infraestrutura e construir a cadeia de valor necessária para que o hidrogênio verde desempenhe um papel central na transição energética brasileira, impulsionando um novo ecossistema de mobilidade sustentável e contribuindo para metas globais de descarbonização.