Carro Elétrico
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O último Golf do Brasil: Híbrido, 41 km/l, mas virou locadora

O Volkswagen Golf GTE chegou ao Brasil em 2019 com uma proposta ambiciosa: unir a performance icônica do Golf à vanguarda híbrida plug-in. Sendo o último Golf vendido oficialmente no país, o GTE vislumbrava o futuro da mobilidade. Contudo, sua breve e peculiar história culminou em um destino inesperado para muitos exemplares.

Sob o capô, o Golf GTE combinava um motor 1.4 TSI turbo a gasolina (150 cv) com um elétrico (102 cv), entregando 204 cv e 35,7 kgfm de torque combinados. Com transmissão DSG de seis velocidades, acelerava de 0 a 100 km/h em 6,7 segundos, performance similar à do Golf GTI. A grande diferença estava no consumo: o GTE prometia incríveis 41,7 km/l e até 50 km de autonomia elétrica.

Era a escolha perfeita para muitos: dirigibilidade afiada, acabamento premium, versatilidade de rodar silenciosamente no modo elétrico e potência para viagens. À frente de seu tempo, trazia tecnologias como frenagem regenerativa e diversos modos de condução. Posicionava-se como um esportivo ecologicamente consciente.

No entanto, o alto preço de lançamento — acima do já caro GTI — e um mercado incipiente para veículos eletrificados dificultaram sua aceitação. A infraestrutura de recarga era limitada e a cultura do híbrido plug-in não estava consolidada. O público brasileiro, acostumado ao Golf como ícone de performance a gasolina, demorou a abraçar a proposta híbrida. Com a linha Golf em descontinuação, o GTE, de proposta nichada, lutou para encontrar espaço.

O resultado foram vendas aquém das expectativas. Inusitadamente, muitos GTEs vendidos acabaram nas frotas de locadoras de veículos. Um carro premium, sofisticado, com tecnologia híbrida e performance de GTI, transformou-se em um anônimo carro de aluguel.

Esse desfecho surpreendente pode ser explicado pela necessidade da Volkswagen de desovar um estoque considerável num mercado que não o absorveu, usando vendas diretas a frotistas. Locadoras também podem ter visto no GTE uma oportunidade de oferecer um veículo diferenciado, com baixo custo de operação (graças ao seu consumo) ou como uma aquisição vantajosa.

Assim, o Golf GTE, que poderia ter sido um marco na eletrificação brasileira, tornou-se um capítulo agridoce. Simbolizou o ápice tecnológico do modelo no país, uma despedida em grande estilo que, paradoxalmente, terminou com muitos exemplares servindo a um propósito mais mundano do que seu pedigree indicava. Sua história no Brasil é um lembrete: inovação e qualidade nem sempre garantem sucesso em um mercado complexo e em constante mudança.