Carro Elétrico
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Ram e a estratégia de rebadging: 5 carros de outras marcas

A Ram, marca integrante do vasto portfólio da Stellantis, é frequentemente percebida no Brasil como sinônimo de picapes grandes, potentes e, em muitos casos, de luxo. Essa imagem, associada a veículos como a 1500, 2500 e a recém-chegada Rampage, posiciona a marca em um nicho mais premium e focado em alta performance ou capacidade. No entanto, fora das fronteiras brasileiras, a realidade da Ram é bem mais abrangente e generalista, consolidando-se como uma marca de utilitários que abarca uma variedade surpreendente de veículos, inclusive alguns com origem em outras divisões da Stellantis ou, historicamente, de outras fabricantes.

A transição da Ram de uma linha de produtos da Dodge para uma marca independente, ocorrida em 2009, foi estratégica. O objetivo era permitir que a Dodge se concentrasse em carros de passageiros e SUVs, enquanto a Ram pudesse desenvolver uma identidade robusta e focada exclusivamente em veículos comerciais e de trabalho. Contudo, essa autonomia não significou um isolamento. Pelo contrário, a Ram tem sido uma das marcas mais flexíveis do grupo no que diz respeito ao rebadging – a prática de vender um veículo de outra marca sob seu próprio logotipo.

Essa estratégia de diversificação e aproveitamento do ecossistema global da Stellantis é fundamental para a Ram preencher lacunas em seu portfólio e competir em diferentes segmentos de mercado ao redor do mundo. Um exemplo claro dessa abordagem pode ser visto na linha de veículos comerciais leves. Nos Estados Unidos e em outros mercados, a Ram ProMaster City, por exemplo, não é um projeto original da Ram. Trata-se, na verdade, de uma Fiat Doblò Cargo rebatizada, demonstrando a capacidade da Ram de absorver veículos comprovados de outras marcas do grupo para atender às necessidades do mercado de vans compactas de carga. Da mesma forma, a Ram ProMaster é a versão norte-americana da van Fiat Ducato, um veículo europeu de grande sucesso, adaptado para as especificações e o mercado da América do Norte.

No mercado latino-americano, a Ram também adotou essa estratégia para entrar em segmentos de picapes menores. A Ram 700, um best-seller em diversos países da região, é essencialmente uma Fiat Strada rebadged, um modelo que detém a liderança de vendas no Brasil por anos. Essa movimentação permitiu à Ram ter uma picape compacta e acessível em seu lineup sem a necessidade de investir no desenvolvimento de uma plataforma totalmente nova. De maneira similar, a Ram 1000, oferecida em mercados como a Colômbia, é uma Fiat Toro com o emblema da carneiro, visando o segmento de picapes intermediárias. Esses exemplos são cruciais para entender como a Ram, embora com uma imagem forte de picapes grandes, expande sua atuação para atender a uma gama mais ampla de consumidores e empresas, desde o pequeno empreendedor até grandes frotistas.

A flexibilidade da Ram em adotar modelos de outras marcas não é apenas uma questão de conveniência, mas uma parte integrante da sua identidade global como fornecedora de soluções de transporte e trabalho. Essa abordagem permite que a marca seja ágil na resposta às demandas do mercado, oferecendo veículos já consolidados em termos de engenharia, confiabilidade e custo-benefício. Ao olhar para a linha de produtos da Ram fora do Brasil, fica evidente que a marca vai muito além das imponentes 1500 e 2500. Ela se posiciona como uma provedora completa de utilitários, beneficiando-se da sinergia e da engenharia compartilhada dentro do vasto universo da Stellantis. Essa é a verdadeira face da Ram: uma marca dinâmica e adaptável, pronta para carregar qualquer tipo de carga, seja ela literal ou estratégica.